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11/11/2018

RESUMO DE MORAL E ÉTICA: DIMENSÕES INTELECTUAIS E AFETIVAS - YVES DE LA TAILLE



A presente publicação tem como objetivo fazer uma análise da obra Moral e Ética: dimensões intelectuais e afetivas (2007), do psicólogo e professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), o francês Yves de La Taille. Serão apresentadas de forma resumida os principais pontos abordados pelo autor na obra que trata sobre questões referentes à moral e a ética, com uma visão critica sobre aquilo apresentado pelo autor. 

A obra se encontra dividida em três partes, a primeira, denominada Moral e Ética, é uma apresentação do autor sobre os dois conceitos, enquanto as duas outras partes do livro, chamadas respectivamente de Saber fazer moral: a dimensão intelectual e Querer fazer moral: a dimensão afetiva, são duas dimensões apresentadas pelo escritor para tratar sobre a temática da moral e da ética.

O objetivo central da obra é tentar explicar e entender “o empreendimento psicológico de compreensão das ações morais”, ou seja, compreender os processos psicológicos das ações de cunho moral (os valores que dão base as ações humanas). Para isso ele recorre a uma série de autores de diversas áreas do conhecimento como filosofia, sociologia e psicologia, para finalmente dividir o objeto do estudo em duas dimensões, uma primeira ligada ao conhecimento intelectual adquirido para se valorar ações, enquanto a segunda está ligada ao agir do conhecimento da dimensão anterior.

Yves faz uma separação entre duas dimensões de teorias sobre a moral, que são vistas de forma separada, sendo elas a dimensão afetiva e a dimensão intelectual (ou cognitiva) do agir moral. A dimensão afetiva, onde se encontram as teorias sobre a moral de Freud e Durkheim, está ligada à ideia do “querer agir” moral, sendo que nesta concepção de ideia do agir moral seria muito mais relativa e variável em cada individuo. A segunda dimensão por sua vez, com teorias como a de Piaget e Kohlberg, postula no sentido de que o individuo só poderia conseguir escolher o seu agir ético a partir da autonomia para o conhecimento, sendo chamada esta de “dever agir” moral.

O autor se posiciona no sentido que estas dimensões devam ser tratadas de forma separada, pois são coisas diferentes, entretanto, reconhece que é possível relaciona-las. Ele se alinha mais ao pensamento de Piaget para relacionar a afetividade e a racionalidade no agir moral, sendo que a primeira é o que impulsiona o agir moral, mas deve estar acompanhada pela segunda para que esse ciclo de ação seja completo. Também reconhece que em ambas teorias o agir moral se encontra relacionado com o dever e a obrigatoriedade dentro da ação psicológica do agir moral.

Conclui-se portanto que a ação moral dos indivíduos está ligada a cognição de que estes tem sobre o que é correto, basilado no seu conhecimento adquirido, bem como no querer agir de tal forma, sendo assim possível, que mesmo tendo certo direcionamento sobre a obrigatoriedade de uma ação dentro de seu grupo social, o mesmo pratique ação diversa por julgar que, naquele caso, com base na afetividade, o modo do agir moral é diverso. Logo, o agir moral é tanto racional (cognitivo), quanto afetivo, uma vez que embora as ações morais possam ser internalizadas nos indivíduos por aquilo que racionalmente eles apreendem durante a vida, o seu “querer” agir muitas vezes é diretamente relacionado a afetividade daquilo que o faz praticar a ação moral de determinada forma.


DE LA TAILLE, Yves Moral e ética: Dimensões intelectuais e afetivas. Artmed. Porto Alegre, 2007.
* Reprodução de trabalho apresentado para disciplina de Ética na FADERGS em 2018/2

09/03/2016

FOUR SYSTEMS OF POLICY, POLITICS AND CHOICE: OS TIPOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS SEGUNDO T. J. LOWI

Four Systems of Policy, Politics and Choice




No segundo capitulo da obra Arenas of Power, intitulado Four systems of policy, politics and choice, o autor norte americano Theodore J. Lowi, apresenta quatro tipos de Politicas Públicas, as politicas distributivas, redistributivas, regulatórias e constituintes. Não se pode dizer que todas as politicas públicas se enquadrem por completo em apenas um dos sistemas, podendo que elementos de mais de um sistema sejam observados em uma mesma politica pública, mas os mesmos servem como uma base, um modelo de referência para entender a finalidade da politica pública analisada.


1. Politicas Públicas Distributivas (Clientelismo, Logrolling, Pork Barrel)

As politicas públicas distributivas, também conhecidas como clientelismo, logrolling ou pork barrel, são aquelas em que sua finalidade é a criação de novos bens e serviços, beneficiando determinado local ou setor. Seus benefícios, por serem direcionados a um local ou setor com uma finalidade especifica, são considerados altamente concentrados, e a sua implementação não significa necessariamente que outros projetos iguais ou similares não sejam executados em outro tempo e em outro local.

Podemos usar como exemplos de politicas publicas distributivas, os subsídios, as politicas de geração de emprego, as obras (como a construção de uma ponte) e as emendas orçamentárias.

Descrição
Benefícios
Custos
Decisão
Conflito
Objeto Conflito
Interações
Sanções
Alocação de (novos) bens e serviços: Subsídios, obras e etc


Concentrados


Difusos


Desagregada


Baixo


Mais Benefícios


Clientelismo, Logrolling, Pork Barrel


Remota e micro


2. Politicas Públicas Redistributivas (Soma Zero)

Considera-se uma politica como redistributiva quando a sua finalidade é a transferência ou mudança na distribuição de recursos e bens já existentes. Embora quase todas politicas redistributivas tenham sua relação baseada na redistribuição de bens de autossuficientes para o beneficio de hipossuficientes, uma ação ao contrário também poderia ser vista como redistributiva. Os benefícios são destinados a um grupo especifico, logo são considerados altamente concentrados como nas politicas públicas distributivas.

São alguns exemplos de ações redistributivas, as politicas públicas que versem sobre a transferência de pecúnia (como o bolsa família), de propriedade (como na reforma agrária) e de taxação progressiva (IPTU, taxação de fortunas e heranças).

Descrição
Benefícios
Custos
Decisão
Conflito
Objeto Conflito
Interações
Sanções
Transferência ou mudança na distribuição de bens e recursos existentes
Concentrados
Concentrados
Agregada
Polarização interesses e ideologia
Transferência e redistribuição, recursos escassos
Clivagens, grandes coalizões, soma zero
Imediata e macro


3. Politicas Públicas Regulatórias

São condições ou constrangimentos impostos de forma individual, afetam assunto especifico, e sua intenção é de gerar reações difusas, atingindo uma grande quantidade de sujeitos indefinidos previamente.

Politicas Públicas regulatórias são utilizadas para regular e controlar determinado assunto, e podemos utilizar como exemplo a legislação de defesa do consumidor, o código de trânsito, a politica ambiental e demais legislação que imponha regramentos e tipifique sanções para assuntos específicos.

Descrição
Benefícios
Custos
Decisão
Conflito
Objeto Conflito
Interações
Sanções
Condições ou constrangimentos para comportamento individual.

Difusos
Concentrados
Agregada ou Desagregada
Intenso porém cabe negociação
Aplicação de sanções
Alianças pontuais
Imediata e micro


4. Politicas Públicas Constituintes

São as “regras do jogo”, regulamentos que definem o funcionamento do sistema onde serão implementadas e praticadas todas as politicas. São regras de decisão pública que definem as “clausulas do contrato social”.

O melhor exemplo para este tipo de politica pública é a própria constituição federal, que define o funcionamento da politica no país, e onde todas decisões tomadas, politicas e legislações criadas são subordinadas ao seu regramento.

Descrição
Benefícios
Custos
Decisão
Conflito
Objeto Conflito
Interações
Sanções
Regras de decisão pública

Difusos

Difusos

Agregada
Baixo (custos/benefícios difusos)
Regras competição/disputas

Remota e macro


Fonte:

LOWI, Theodore [2009]. Arenas of Power. Paradigm Publishers. Chap. 2: Four systems of policy, politics and choice. 

Por: George Lucas Goulart

24/05/2014

RESUMO O ALIENISTA - RESENHA DA OBRA DE MACHADO DE ASSIS


Hoje acabei de reler o conto “O Alienista” do genial Machado de Assis, o qual eu havia lido como leitura obrigatória no ensino médio, mas realmente nem me lembrava mais, e gostaria de fazer aqui um rápido resumo e também dar a minha opinião sobre a obra.

Atenção, o conteúdo exibido a partir do próximo titulo contém spoileres sobre o conto, caso você ainda não tenha lido e não deseje receber esse tipo de informação, aconselho que para após a sinopse.

Sinopse

As crônicas de Itaguaí, contam que viveu ali em tempos remotos um certo médico o Dr. Simão Bacamarte, filho da nobreza do lugar e o maior dos médicos do Brasil, Portugal e Espanha. Com o fim de estudar a loucura, ele cria na cidade um lugar para trancar os com "problemas mentais", e com o passar do tempo acaba desestabilizando toda a ordem da cidade.


Um pouco (Muito pouco) sobre a obra



Machado de Assis
O Alienista é uma obra literária do já citado escritor brasileiro Joaquim Maria Machado de Assis, ou simplesmente Machado de Assis, publicado no ano de 1882 em A Estação, e posteriormente incorporado ao livro de contos Papéis Avulsos.



O conto faz uma sátira ao cientificismo vivido na época (Século XIX), que colocava a ciência como elemento fundamental de tudo, e resposta para todas as duvidas, e conta a história de Simão Bacamarte, um estudioso cientista Brasileiro formado na Europa, e com muito respeito por sua inteligência e vocação para com a ciência, que retorna à sua cidade natal Itaguaí no Rio de Janeiro, afim de praticar estudos sobre os mais diversos casos de problemas mentais, e assim conseguir registrar e arrumar uma cura para eles.



Bacamarte usa sua influência para conseguir com que uma casa para a internação de loucos fosse construída na cidade, casa essa que recebe o nome de Casa Verde, devido as suas janelas pintadas com a cor em questão. Obcecado em pesquisar todos os tipos possíveis de distúrbios e tentar curá-los, o alienista acaba por internar 4/5 da população local, e gerar muita revolta entre todos. Com isso ele chega a conclusão de que o cérebro humano é por padrão desregulado, já que a grande maioria das pessoas tinha algum problema, e assim resolve internar e pesquisar aqueles considerados em perfeito equilíbrio mental, mas acaba por descobrir que mesmo os considerados mentalmente normais por ele, tinha algum problema. Por fim Bacamarte acaba por se considerar o único perfeito mentalmente, logo o único com problemas, e resolve se trancar na Casa Verde até a sua morte, que ocorre 17 meses depois.

O Alienista - Saraiva de Bolso



Opinião sobre o conto

Além de fazer uma critica ao cientificismo vivido na época, como já citado, O Alienista também apresenta uma critica e uma análise do comportamento, expondo assim as mais diferentes manias e ambições do ser humano, e de certa maneira mostrando que não é possível se chegar a uma resposta exata para nada, e que somos seres que não seguem um padrão, sendo assim todos diferentes um do outro.

Recomendo a leitura, é um conto fantástico, curto, engraçado em alguns momentos e bastante reflexivo.

Eu li em uma edição especial que a Saraiva fez com contos dos mais renomados autores, em um tamanho compacto e com o valor bem baixo. Caso queira comprar, clique AQUI. O Alienista também pode ser encontrado em varias outras edições impressas, mas também em versões digital.

Por se tratar de um livro de domínio publico, ele se encontra disponível em nossa biblioteca virtual. Para conferir esse e outros títulos gratuitamente, clique AQUI.

George Lucas Goulart
Tudo aqui mostrado se trata de uma opinião pessoal com base em minha interpretação do texto.