A presente publicação tem como objetivo fazer uma análise da obra
Moral e Ética: dimensões intelectuais e afetivas (2007), do psicólogo e
professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), o
francês Yves de La Taille. Serão apresentadas de forma resumida os
principais pontos abordados pelo autor na obra que trata sobre questões
referentes à moral e a ética, com uma visão critica sobre aquilo apresentado
pelo autor.
A obra se encontra dividida em três partes, a primeira, denominada
Moral e Ética, é uma apresentação do autor sobre os dois conceitos,
enquanto as duas outras partes do livro, chamadas respectivamente de
Saber fazer moral: a dimensão intelectual e Querer fazer moral: a dimensão
afetiva, são duas dimensões apresentadas pelo escritor para tratar sobre a
temática da moral e da ética.
O objetivo central da obra é tentar explicar e entender “o
empreendimento psicológico de compreensão das ações morais”, ou seja,
compreender os processos psicológicos das ações de cunho moral (os
valores que dão base as ações humanas). Para isso ele recorre a uma série
de autores de diversas áreas do conhecimento como filosofia, sociologia e
psicologia, para finalmente dividir o objeto do estudo em duas dimensões,
uma primeira ligada ao conhecimento intelectual adquirido para se valorar
ações, enquanto a segunda está ligada ao agir do conhecimento da
dimensão anterior.
Yves faz uma separação entre duas dimensões de teorias sobre a
moral, que são vistas de forma separada, sendo elas a dimensão afetiva e a
dimensão intelectual (ou cognitiva) do agir moral. A dimensão afetiva, onde
se encontram as teorias sobre a moral de Freud e Durkheim, está ligada à
ideia do “querer agir” moral, sendo que nesta concepção de ideia do agir
moral seria muito mais relativa e variável em cada individuo. A segunda
dimensão por sua vez, com teorias como a de Piaget e Kohlberg, postula no
sentido de que o individuo só poderia conseguir escolher o seu agir ético a
partir da autonomia para o conhecimento, sendo chamada esta de “dever
agir” moral.
O autor se posiciona no sentido que estas dimensões devam ser
tratadas de forma separada, pois são coisas diferentes, entretanto,
reconhece que é possível relaciona-las. Ele se alinha mais ao pensamento de
Piaget para relacionar a afetividade e a racionalidade no agir moral, sendo
que a primeira é o que impulsiona o agir moral, mas deve estar
acompanhada pela segunda para que esse ciclo de ação seja completo.
Também reconhece que em ambas teorias o agir moral se encontra
relacionado com o dever e a obrigatoriedade dentro da ação psicológica do
agir moral.
Conclui-se portanto que a ação moral dos indivíduos está ligada a
cognição de que estes tem sobre o que é correto, basilado no seu
conhecimento adquirido, bem como no querer agir de tal forma, sendo assim
possível, que mesmo tendo certo direcionamento sobre a obrigatoriedade de
uma ação dentro de seu grupo social, o mesmo pratique ação diversa por
julgar que, naquele caso, com base na afetividade, o modo do agir moral é
diverso. Logo, o agir moral é tanto racional (cognitivo), quanto afetivo, uma
vez que embora as ações morais possam ser internalizadas nos indivíduos
por aquilo que racionalmente eles apreendem durante a vida, o seu “querer”
agir muitas vezes é diretamente relacionado a afetividade daquilo que o faz
praticar a ação moral de determinada forma.
* Reprodução de trabalho apresentado para disciplina de Ética na FADERGS em 2018/2
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