No
estudo das políticas públicas, o emprego do termo ator é, via
de regra, utilizado para identificar as organizações e os grupos
que desempenhem algum papel, direto ou indireto, na
arena política. Assim como nas artes cênicas, os atores em
políticas desempenham diferentes papéis dependendo da situação de
fato na arena política. Eles são aqueles que influenciam a
opinião publica sobre o que deve ser considerado um problema
coletivo. Também são responsáveis por influência no que deve
fazer parte ou não da agenda. Os atores elaboram e estudam
propostas, tomam decisões e fazem com que projetos sejam convertidos
em ações.
1.
Os Tipos de Atores
Como
são considerados atores todos aqueles que desempenhem algum papel
direto ou indireto na área das políticas, é necessário dividir
em grupos todos aqueles possuem características similares, para
assim ser mais efetiva a facilidade no reconhecimento dos modos de
ação, elaboração e operação no mundo das arenas políticas.
O
fato de atores aparecerem em uma mesma categoria não significa
necessariamente que ambos tenham os mesmos comportamentos e
objetivos. Um mesmo ator pode ter diferentes interesses em
diferente situações e fases do processo de elaboração de uma
política pública, bem como atores de uma mesma categoria podem ter
interesses completamente divergentes.
1.1.
Atores Individuais ou Coletivos
A
primeira maneira de diferenciar tipos de atores é dividi-los entre
individuais ou coletivos. São chamados de atores
individuais, aqueles indivíduos que agem intencionalmente em uma
arena política. Atores coletivos são organizações e grupos
que também agem intencionalmente em uma arena política.
É
importante fazer a distinção entre atores que agem com intenção
nas políticas e os grupos não coordenados, que embora possam se
juntar em grupos coordenados sendo assim considerados atores
coletivos, seus membros individualmente não são considerados
atores.
Exemplos
de Grupos não Coordenados
|
||
Banhistas
de uma praia
|
Opinião
Pública
|
Comunidade
Internacional
|
Exemplos
de Atores Coletivos
|
||
Associação
de Banhistas
|
Instituto
Brasileiro de Opinião Pública e Estatística
|
ONU
|
1.2.
Atores Governamentais e Não Governamentais
Outra
maneira de se diferenciar atores é dividindo eles entre
governamentais e não governamentais. Entende-se como
governamentais todos aqueles que tenham suas atribuições criadas
e definidas pelo poder estatal, e não governamentais as
instituições e organizações particulares.
Atores
Governamentais
|
||||||
Políticos
|
Designados
Politicamente
|
Burocratas
|
Juízes
|
|||
Atores
Não Governamentais
|
||||||
Grupos
de Interesse
|
Partidos
Políticos
|
Meios
de Comunicação
|
Think
Tanks
|
Destinatários
das Políticas Públicas
|
Organizações
do segundo e terceiro setor
|
Outros
Stakeholders
|
1.3.
Political Nexus Triad
Segundo
o modelo analítico Political Nexus Triad criados por
Moon e Ingraham (1998) para estudar reformas
administrativas, podemos classificar os atores das políticas em
três grandes grupos: políticos (Eleitos e seus designados
politicamente), burocratas (selecionados via concurso público) e
sociedade civil (externos à administração pública).
2.
Atores em Políticas Públicas
Cada
arena política tem uma configuração de atores bastante diferente,
com prevalência de alguns e a não prevalência de outros. A
prevalência ou não de certos atores dentro de uma arena política
se dá em função de quão diretos são os resultados da política
pública em suas atividades, da presença territorial do ator no
local de aplicação de tal política e com a acessibilidade aos
processos decisórios e/ou de implementação das políticas
públicas. Para melhor entendimento sobre o assunto, serão
apresentadas a seguir informações sobre alguns importantes atores
nas políticas publicas.
2.1.
Políticos
Os
políticos quando estão investidos de cargos nos poderes Legislativo
e Executivos, possuem a legitimidade para propor e tornar
realidade políticas públicas de grande impacto social. O
principal papel dos políticos é o de identificar os problemas de
relevância pública e decidir quais politicas públicas devem ser
aplicadas para combatê-los.
Além de serem, em tese, portadores de autoridade institucionalizada de tomada de decisões, e de serem verdadeiros símbolos públicos de esperança no combate dos problemas coletivos, são também os representantes dos interesses da coletividade.
Além de serem, em tese, portadores de autoridade institucionalizada de tomada de decisões, e de serem verdadeiros símbolos públicos de esperança no combate dos problemas coletivos, são também os representantes dos interesses da coletividade.
2.1.1.
Designados Politicamente
Pertencem
a uma faixa intermediária de cargos públicos. São indicados
pelos políticos eleitos para desempenhar funções de direção,
chefia e assessoramento na administração pública. No Brasil é
possível identificar dois tipos de designados politicamente, aqueles
em cargos de confiança (acessível somente por servidores públicos
de carreira) e aqueles investidos de cargos comissionados (acessível
tanto para burocratas quanto às pessoas externas).
2.2.
Burocratas
Embora
esse termo passa assumir diferentes significados na língua
portuguesa, nas ciências políticas definimos burocracia como
sendo o corpo de funcionários públicos de um estado. A
principal função de um corpo burocrático é manter a administração
pública operante, independente dos ciclos eleitorais e políticos no
poder. É possível elencar várias peculiaridades sobre os
burocratas, como o fato de serem contratados por concurso público,
possuírem estabilidade, terem seu esquema de promoção baseado na
competência técnica e experiência obtida e possuírem um mecanismo
hierárquico de coordenação.
Significados
de Burocracia
|
||
Conotação
Popular
|
Conotação
Administrativa e Sociológica
|
Conotação
das Ciências Políticas
|
Disfunção
Procedimental
|
Modelo
organizacional
|
Corpo
de funcionários públicos
|
2.3.
Juízes
São
servidores públicos concursados (burocratas), que desempenham
importante papel no processo de implementação de políticas
públicas. Quando investidos de poder jurisdicional, possuem no
âmbito de suas competências a legitimidade para interpretar a justa
ou injusta aplicação de uma lei por parte dos cidadãos e da
própria administração pública.
2.4.
Grupo de Interesse
Também
conhecidos como grupos de pressão, os grupos de interesses são
conjuntos de pessoas organizadas voluntariamente que utilizam seus
recursos para influências as decisões políticas e as políticas
públicas.
Os
grupos de interesses podem ser informais ou formalmente constituídos,
e usam de seus recursos para pressionar políticos e instituições a
tomarem atitudes para resolver problemas de relevância para eles.
Alguns exemplos de atitudes de pressão de grupos de interesse são
as greves de trabalhadores e os protestos.
2.5.
Partidos Políticos
São
organizações formalmente constituídas com registro em órgão
competente (TST) e com estrutura organizacional definida em estatuto,
com seus objetivos girando em torno de um projeto político, que
buscam ser protagonistas ou ao menos influenciar no processo de
administração governamental e decisão pública. São o elo de
ligação entre a sociedade civil e o governo, e influenciam
diretamente as decisões governamentais, seja como oposição, ou
como aliados do governo.
2.6.
Mídia
A
mídia têm importante papel na influência da tomada de decisões
governamentais e na formação do interesse público por determinados
assuntos, pois é por ela que informações sobre diversos
assuntos como política, partidos políticos e fatos do cotidianos
chegam a um grande público. A divulgação de informação é
um dos meios de controle social democrático da população sobre as
atitudes tomadas pelo governo.
A
agenda da mídia pode influenciar diretamente nos interesses da
população, que mergulhada em informações selecionadas buscando
propagar aquilo que é de interesse dos detentores do poder de
controle do meio midiático, passa a reconhecer as pautas como suas,
e por consequência influência na agenda política.
2.7.
Think Tanks
São
organizações com a finalidade de aconselhar e fazer pesquisas para
a área das políticas públicas. Os Think Tanks atuam na
disseminação e produção de conhecimento relevante para a
avaliação, decisão e formulação nas políticas públicas.
2.8.
Destinatários das Políticas Públicas
Também
conhecidos como policytakers,
os destinatários são os
indivíduos ou grupos sociais para qual as políticas públicas são
direcionadas. São os que
sofrem pelo problema público que deve ser combatido. Embora
sejam muitas vezes vistos apenas como sujeitos passivos na relação
de desenvolvimento e aplicação da política pública, muitas vezes
assumem posições ativas de influência em tal processo,
pois podem, por exemplo, ser propagadores de informação por redes
de contato.
2.9.
Organizações do Terceiro Setor
São
organizações privadas sem fins lucrativos que agem por algum
interesse coletivo. Atuam
em áreas onde a ação das políticas estatais seja ineficiente ou
inexistente. Articulam
suas ações na busca de interesses coletivos, externos aos seus
membros.
Podemos
usar como exemplo de
políticas públicas do terceiro setor
a ação da Médicos Sem Fronteiras, que é uma ONG formada por
médicos que buscam atender as necessidades mínimas em saúde para
populações em situação de tragédia social que não seja
amparadas por seus próprios estados.
Fontes:
Secchi,
Leonardo. Políticas Públicas: Conceitos, Esquemas de análise,
Casos Práticos. 2ª Edição. São Paulo: Cengage Learning, 2015.
MOON,
M.J.;INGRAHAM, P. Shaping administrative reforms and governance: an
examination of the political nexus triad in three Asian countries.
Governance, v. 11, n. 1, p. 77-100, 1998.
por:
George Lucas Goulart
Show! Obrigada pela postagem.
ResponderExcluirOlá, que bom que gostou da postagem :)
ExcluirMuito esclarecedor obrigado.
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