Modelos
de Relação em Políticas Públicas
Entende-se
como um modelo de relação em políticas públicas o constructo
teórico, empiricamente testado, de como os atores interagem entre
si, quais suas relações, coalizões, conexões e
enfrentamentos prováveis no processo de políticas públicas.
1.
Modelo Principal-Agente
O
modelo principal-agente, também chamado de agente-principal, tem sua
origem em correntes de pensamento racionalistas da economia e
enfatiza uma relação contratual entre dois tipos ideais de
atores, o principal e o agente. Entende-se como ator principal,
aquele que na ação contratual solicita que determinada função
seja executada por outrem, pessoa ou organização, afim de
satisfazer determinado objetivo. O agente é a organização ou
pessoa contratada pelo principal para desempenhar determinada função
ou executar determinado serviço.
Principal
->
|
Agente
|
Agente
|
Agente
|
Cidadãos
|
Políticos
|
Designados
Políticos
|
Burocratas
|
-//-
|
Principal
->
|
Principal
->
|
-//-
|
Nesse
modelo, os interesses do ator principal da relação nem sempre
vão de encontro com os do agente, e isso é um problema para a
efetivação da vontade daquele que busca a satisfação de seus
objetivos através dos serviços prestados pelo agente.
Além
desses desencontro de interesses, outro sério problema pode ser
constatado em uma relação principal agente, a assimetria
informativa entre agente e principal. Por estar executando as
funções solicitadas pelo ator principal de forma direta, quase
todas informações importantes ao caso acabam por chegar de forma
antecipada para o agente, fazendo com que o mesmo tenha um certo
privilégio de informações em relação ao principal. Tal
assimetria de informações pode resultar risco moral ou seleção
adversa. É considerado como risco moral a probabilidade do
agente que recebe informações privilegiadas acabar ludibriando o
principal para adquirir vantagem própria ou de terceiro. A
seleção adversa é o risco que corre o principal de acabar
escolhendo um agente que não desempenhe suas funções de forma
honesta e eficiente.
Para
evitar problemas como os acima citados, o ator principal da
relação deve estabelecer mecanismo para o controle sobre as ações
praticadas pelo agente, bem como estruturas que incentivem o bom
desempenho do mesmo na execução de seus serviços, como
premiações por exemplo.
Problemas
na Relação Principal-Agente
|
|
Por
executar de forma direta as ações, o agente se encontra em
posição de vantagem de informações em relação ao principal,
tal situação é chamada assimetria de informações e pode gerar
dois grandes problemas, o risco moral e a seleção adversa.
|
|
Risco
Moral
|
Seleção
Adversa
|
Risco
moral é a probabilidade do agente que recebe informações
privilegiadas acabar ludibriando o principal para adquirir
vantagem própria ou de terceiro
|
Seleção
adversa é o risco que corre o principal de acabar escolhendo um
agente que não desempenhe suas funções de forma honesta e
eficiente
|
2.
Redes de Políticas Públicas
Identificamos
como uma rede de políticas públicas, uma estrutura de
intervenções predominantemente informais, entre atores públicos ou
privados envolvidos na criação e implementação de políticas
públicas. Os atores desse tipo de relação possuem interesses
distintos, mas interdependentes, e tentam resolver problemas
coletivos de interesse comum entre eles de uma maneira não
hierárquica.
Podemos
identificar certas características que fazem com que uma
relação entre atores seja considerada como uma rede. A primeira
característica a ser notada é a autonomia das partes envolvidas,
onde nenhum ator de uma rede é subordinado de outro. A segunda
característica é a interdependência dos atores, que embora
autônomos, desempenha funções necessárias para a obtenção dos
interesses do grupo. A terceira característica é a liberdade de
entrada e permanência dos membros de uma rede, não estando
estes obrigados a permanecer no grupo contra suas vontades. Outra
característica importante é o fato que de forma não hierárquica
os membros do grupo buscam resolver problemas coletivos que são
externos à existência da própria rede.
Características
de uma Rede de Políticas Públicas
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Auto-organização
e autonomia de seus membros.
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Interdependência
entre atores que dela fazem parte.
|
Liberdade
de saída e entrada de seus membros.
|
Controle
disperso, conhecimento disperso, relações informais e não
hierárquicas.
|
Busca
de interesses externos aos membros da rede.
|
Podemos
identificar três tipos de redes de políticas públicas, as
comunidades de políticas públicas, as redes temáticas e as
comunidades epistêmicas. Leonardo Secchi (2015) também
apresenta uma nova categoria de redes, a rede de mídia social,
composta pelas interações de atores por redes sociais digitais,
porém a definição de tal modo de interação como uma rede de
atores é controversa, pois mídias digitais também podem ser
consideradas como mero meio de comunicação de atores pertencentes a
outros tipos de rede, e não como uma forma de rede independente.
2.1.
Comunidades de Políticas Públicas
São
redes de atores, organizados em torno de uma determinada área das
políticas públicas, que se conhecem reciprocamente e
compartilham uma linguagem e um sistema de valor. Existe maior
estabilidade dos atores que as compões, e o ingresso de novos
membros não depende apenas da motivação individual, mas também da
capacidade do indivíduo de demonstrar traços comuns àquela
comunidade.
2.2.
Redes Temáticas
São
formadas por um conjunto de atores que debate um tema especifico
de interesse comum. Embora não seja um requisito para sua
identificação, redes temáticas costumem ser menos criteriosas na
admissão de membros.
2.3.
Comunidades Epistêmicas
São
redes de atores geralmente ligados ao meio acadêmico, que com o
uso do criterioso método científico buscam entender e desenvolver
soluções possíveis para problemas coletivos.
Comunidades
de Políticas Públicas
|
Atores,
organizados em torno de uma determinada área das políticas
públicas, o ingresso de novos membros não depende apenas da
motivação individual, mas também da capacidade do indivíduo de
demonstrar traços comuns àquela comunidade
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Redes
Temáticas
|
Conjunto
de atores que debate um tema especifico de interesse comum.
|
Comunidades
Epistêmicas
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Atores
ligados ao meio acadêmico, que com o uso do criterioso método
científico buscam entender e desenvolver soluções possíveis
para problemas coletivos.
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Fontes:
Secchi, Leonardo. Políticas Públicas: Conceitos, Esquemas de análise, Casos Práticos. 2ª Edição. São Paulo: Cengage Learning, 2015.
por: George Lucas Goulart
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