PODERES
ADMINISTRATIVOS
O poder
pode ser entendido em sentido orgânico (executivo, legislativo e judiciário) ou
em sentido funcional, que é o modo de exercer a função administrativa
(normativo, administrativo e jurisdicional). Os poderes administrativos são os
instrumentos de concretização do poder-dever da Administração Pública na
prática, devendo ser obrigatoriamente usados.
São
poderes da Administração Pública o Poder Hierárquico, o Poder Disciplinar, o
Poder Regulamentar e o Poder de Polícia.
O
poder pode ser exercido com abuso, mediante desvio de poder (vicio no elemento
finalidade do ato administrativo) e excesso de poder (vicio de competência do
ato administrativo).
PODER
HIERÁRQUICO
É
poder-dever da Administração de escalonar as funções entre órgãos e agentes da
mesma entidade (não há hierarquia e poder hierárquico entre Administração
Direta e Indireta).
O Poder
Hierárquico permite uma atuação isonômica e hierarquizada dos agentes públicos
de uma mesma entidade. Existe também poder hierárquico também no poder
judiciário e legislativo no exercício de sua função atípica administrativa.
Poderes
Decorrentes do Poder Hierárquico:
I –
Poder de Comando: É o poder do superior hierárquico em dar ordem legais ao subordinado
que deve cumprir pelo dever de obediência;
II –
Poder de Fiscalização: O superior hierárquico pode fiscalizar as atividades
realizadas pelo subordinado;
III –
Poder de Revisão ou Controle: É a prerrogativa do hierárquico superior em anular
ato ilegal ou revogar ato inoportuno ou inconveniente;
IV –
Poder de Delegação e Avocação: Autoridade pode delegar (sem ou com hierarquia)
ou avocar ato (superior hierárquico chama competência do subordinado para si).
V –
Dirimir Conflitos de Competência Negativos ou Positivos: Quem soluciona os
conflitos de competência será sempre o hierárquico superior.
PODER
DISCIPLINAR
É o
poder-dever da Administração de apurar infrações e aplicar penalidades a
servidores públicos e particulares subordinados ao regramento administrativo
(vinculo de sujeição especial, são exemplos o preso, o estudante de escola
pública e o contratado junto a Administração).
O
poder disciplinar tem como ato vinculado a aplicação de sanção (mas a escolha da
sanção pode ser ato discricionário quando a lei não definir qual punição será
especificamente aplicada ao caso concreto).
PODER
NORMATIVO OU REGULAMENTAR
É o
poder-dever da administração de regulamentar, complementar e dar fiel execução
à lei, não podendo inovar a norma jurídica nem contrariar ela. São características
do Poder Complementar são a capacidade de ditar regras obrigatórias, gerais,
abstratas e impessoais.
ROGAI – Regras Obrigatórias, Gerais,
Abstratas e Impessoais |
Formalização
do poder regulamentar ocorre por meio de regulamentos, que podem ser
regulamentos quanto aos efeitos (jurídicos ou normativos, baseados na
supremacia estatal geral e são frutos do poder de polícia e não regulamentar)
ou regulamentos administrativos ou de organização (normas sobre a organização
administrativas pelo poder hierárquico ou que afetam terceiros particulares que
se encontrem em relação de sujeição especial com a Administração.
Quanto
à validade, os regulamentos podem ser executivos (decreto regulamentar ou de
execução, com fundamento na lei), autônomos (invocam ordem jurídica e a inovam,
com fundamento na Constituição e podem ser objeto de controle de
constitucionalidade), autorizados ou delegados (função normativa delimitada em
ato legislativo) e regulamentares de necessidade (em estado de necessidade
administrativo).
Poder Regulamentar
é de conteúdo político e é para fiel execução da lei, e não pode ser confundido
com o Poder Regulatório, que é atividade de conteúdo técnico das entidades
administrativas, especialmente as agências regulamentadoras.
Reserva
Administração: É Núcleo da administração resistente a lei,
onde determinadas matérias ficam restritas ao âmbito exclusiva da Administração
Pública, sem interferência do Poder Legislativo. Pode ser geral (pela separação
dos poderes e o núcleo essencial da atividade administrativa) ou especifica
(quando a Constituição define competências exclusivas do Poder Executivo).
Deslegalização
ou Deslegificação: É fenômeno aceito no Brasil pelo STF, e diz
respeito ao fato que determinadas matérias que estão no campo legislativo podem
ser tradas por atos administrativos. É justificada pela crise da concepção
liberal do principio da legalidade e da democracia representativa. Diz respeito
a ausência de celeridade e conhecimento técnico do legislador. É concretização
das agências reguladoras.
PODER
DE POLÍCIA
O
poder de polícia da Administração Pública surge do princípio da supremacia do
interesse público sobre o particular, e tem como objetivo prevenir o dano ao
interesse público cometido por particular (vinculo de sujeição geral). É
regulado pelo Direito Administrativo e regido pelos atos administrativos. Não
pode ser confundido com a polícia judiciária, que é regido pelo direito penal e
processual penal. Limita direitos individuais em prol do interesse coletivo.
O poder
de polícia tem caráter predominantemente negativo, ou seja, traz, na maioria
das vezes, obrigações de não fazer ao particular, mesmo quando tal
obrigação aparenta ser positiva, como apresentação de CNH e apresentação de
planta para construir, pois não interessa ao poder público o conteúdo dos
documentos, buscando apenas evitar a participação nociva ou perigosa pelos
particulares. Todavia podem existir obrigações positivas aos particulares em
alguns casos, como por exemplo na limpeza de terrenos por parte dos
particulares e a obrigação de existência de saídas de emergência em imóveis
privados.
O Poder
de Polícia também pode ser Interfederativo, ou seja, entre entes federados,
apesar da inexistência de hierarquia entre eles, existindo apenas respeito à
repartição das competências constitucionais (exemplo é quando o município exige
respeito às normas municipais de construção para a União ou Estado).
Características
do Poder de Polícia:
I – Discricionário:
Oportunidade e conveniência da Administração Pública;
II – Imperativo
ou Coercitivo: Independe de consentimento dos destinatários;
III – Autoexecutório:
Independe de autorização do poder judiciário para a prática do ato.
Excepcionalmente
o Poder de Polícia pode se manifestar de atos vinculados, de consentimento e
atos não autoexecutórios. Um exemplo é o Alvará, que é gênero da espécie
autorização e licença, sendo a autorização ato discricionário e a licença um
ato vinculado, ambos sendo frutos do Poder de Polícia. Outro exemplo é a
cobrança de multa, que é ato não autoexecutório fruto do Poder de Polícia, que
depende de processo de execução frente ao poder judiciário
Dica: O Poder de Polícia é em regra Discricionário,
Imperativo ou Coercitivo e Autoexecutório. Lembre-se da palavra DICA. Excepcionalmente
o Poder de Polícia pode se manifestar de atos vinculados, de consentimento e
atos não autoexecutórios. |
Delegação
do Poder de Polícia (Tese de Repercussão Geral do STF no RE 633.782): É
constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas
jurídicas de direito privado integrantes da Administração Pública indireta de capital
social majoritariamente público que prestem exclusivamente serviços públicos
(empresas estatais prestadoras de serviço público) de atuação própria do Estado
e em regime não concorrencial (empresas estatais exploradores de atividade econômica
não podem receber delegação de poder de polícia). É exemplo de autarquização ou
a feição autárquica das empresas estatais prestadoras de serviços públicos
(conforme Gustavo Binenbojm). É importante se atentar que a ordem de
polícia, função legislativa, é totalmente indelegável para essas pessoas
jurídicas (só delega fiscalização e atos de consentimento).
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